Homenagem a Nhô Bentico:
Abílio Víctor(Nhô Bentico)  nasceu em Itapetininga em agosto de 1899. Foi carpinteiro, tipógrafo, trabalhou no Jornal O Ideal e muitos outros jornais da cidade, foi gerente do cinema de São Miguel Arcanjo e finalmente radialista na PRD-9, onde se consagrou popularmente, e notabilizou-se como um dos maiores poetas sertanejos, a nível regional e nacional. Compôs vários poemas ainda hoje muito conhecidos,  e reunidos em dois livros: "Folhas do Mato" e "Favas de Ingá". Faleceu em Outubro de 1952.

 

Pitôco

Nhô Bentico

Pitôco era um cachorrinho
qu'eu ganhei do meu padrinho
numa noite de Natá: ––
era esperto, muito ativo,
tinha dois zóio bem vivo,
sartando pra-cá, pra-lá.

Bem cedo me levantava.
Pitôco que me acordava
c'os latido, sem pará,
me fazia tanta festa,
lambia na minha testa,
quiria inté me bêjá.

Nos dumingo, bem cedinho,
pegava meu bodoguinho,

os pelote no borná.
Pitôco corria na frente,
dano sarto de contente,
rolano nos capinzá.

Aquele devertimento
de grande contentamento
ia inté no sor entrá.

Era dumingo de mêis
i dia de Santa Ineis: ––
tinha festa no arraiá.
Minha mãe, as criançada
tudo de rôpa trocada,
na capela foi rezá;
fugino por ôtra estrada
c'o Pitôco fui caçá.

Hoje, dói minha concência,
pramorde a desobidiência.
Pitôco latia ... latia,
mostrano tanta alegria,
sem nada podê cismá;
i eu tacava um pelote,
fazeno virá cambóte,
um pobre cara-cará.

Pitôco me acumpanhava;
de veis in quano sentava
e quiria adivinhá...

Pitôco ficô arrepiado,
ficô c'o zóio vidrado
i deu um sarto mortá: ––
se cumbateu c'a serpente,
repicô tudo de dente,
mais num pôde se escapá.

Pitôco morreu latindo,
os zóio vivo, tão lindo,
foi fechano de vagá;
parece qu'inté serria
da minha patifaria
de num podê le sarvá.

I neste mundo tão ôco,
unde os amigo são pôco,
despois que morreu Pitôco
nunca mais tive outro iguá !

    Participantes:

01- Wilson de Oliveira Carvalho
02- Tere Penhabe
03- Marcial Salaverry
04- Augusta Schimidt
05- Graça Ribeiro
06- Nilton Nallim Ferreira
07- Yara Nazaré
08- Ana Maria Brasiliense
09- gina
10- Mário Osny Rosa
11- Marise Ribeiro
12- Heloisa Abrahão
13- Lídia Valéria Peres
14- Thereza Mattos
15- Nany Schneider
16- Tarcísio Ribeiro Costa
17- Esmeralda Camargo
18- Gena Maria Camargo
19- Priscila L. Coelho
20- Rose Arouck
21- zuleika
22- faffi
23- Cássia Vicente
24- Patricia Neme
25- José Ernesto Ferraresso
26- Machado de Carlos
27- Silvia Alegria**
28- Ógui Lourenço Mauri
29- NH (Catucho)
30- Olga Maria Dias Ferreira
31- Maria Roxo (Fatyly)
32- Heloisa
33- Rosa Magaly Guimarães Lucas- Eire
34- Marília Bechara
35- Maria das Graças H.V. de Abreu
36- Afranio Garcez
37- Bernardino Matos
38- Simone Borba Pinheiro
39- Lu_guerreira
40- Eme Paiva
41- Naidaterra
42- Raquel Caminha_Lindinha
43- BADU
44- Ligia Leivas

01- Meu Dedão Crama Por Ti
Wilson de O. Carvalho
Aqui da capitá

Rosa meu bem,
prá ocê sabê,
comprei uma butina nova,
que acabô de esfolá o dedão do pé.

Tenho cuidado dele,
exclusive passando mecúrio
que foi parpite do seu zé,
o buticaro da cidade
(e bota caro nissu)
que fica
lá da esquina da capitá.

A situação num tá boa não,
tenho trabaiado com o pé no chão,
asturdia intão inficô um espinho
bem perto da firida,  que a resorveu
se abri por causa do mardito espinho.

Mas o que eu queria falá memo,
é duma sodadi que invade meu peito
quando ocê não tá, a casa fica vazia,
tristinha, inté o cachorro chora
e as galinha não drome.

Por isso vorta Rosa,
venha correno pro nosso rincão,
só ansim
vai miorá a ferida do meu dedão. . .

02- Recado pra Hemenegirdo
Terê das Bêra Mar

Óia Hemenegirdo
cê iscuita bem o que eu vô falá
qui num é prosa rampera
é pá valê e vai ficá:
-Eu quero mai é que o seu dedão
que eli vá lambê sabão
pramordi que a dor que eu tenho
é bem aqui no coração!

E foi ocê que me deu, seu traste
quando siguiu a Mariquinha
bem lá pá ditrais da isquina
pensano que ieu num via.
Ai Hemenegirdo, cumo dueu!!!
E dói ainda seu safado
que inté viro o zóio adoidado
quando si alembro de ocê.

Mai tem uma coisa, beinzão
ai que farta que me faiz
esse mardito dedão!
Ce num avalia, num sabi
num é capai de percebê
que a minha vida sem eli
já num tem graça vivê
sem seu dedão e sem ocê!

Mai iscuita e bota sintido:
-Eu num hei de arrefecê
eu morro por seu dedão
mai num dô o braço a torcê.
Ce qui sabe, ce qui vê
num caio mai no seu cunversê
se quisé me mostrá o dedão
vai me dá gosto, pode crê!

Santos, 29/01/2006
(rindo até o dedão...rssss)

03- Zoia Aqui Menergirdo
Marcial Salaverry

Zoia aqui Menegirdo,
cê pó fincá teu dedão
ontuquisé, mai pósisquece da Rosa,
qui já toda prosa,
aqui do ladindieu...
Ela falô qui tem sordade
du dedão docê,
só pramangá docê,
seu baita troxão...
Ela qué trascoisa
bem maimiódibão,
qui esse tar di dedão...
Cando nói si arrocha lá pras banda do riberão,
ela fica toda melosa,
i mi chamaieu di zamô dela...
Menegirdo, meu fio,
cando cê foi atrai da Mariquinha,
aquela cuia magrinha,
cê predeu o pitéu da Rosa...
Agora, meu fio, fica cô teu dedão,
qui só vai dá sastifação
é procê mezzz, uai sô...
Bão, si é pur farta di adeu,
inté nuncamai...

Im defesa dos brio da Rosinha!!!
Terê das Bêra Mar

Hemenergirdo, meus amô
num querdite nele não
dentru du meu coração
só me cabe o seu dedão!

Esse cabra tá cum inveja
da nossa filicidade
eli num é do arraiá
vive memo é na cidadi.

Ele num sabe o que é sê
amado até no dedão
pur isso inventô intriga
e arrasô meu coração!

Hemenegirdo, meus incanto
de pueta a garanhão
num tem homi nesse mundo
mai mió que o seu dedão!

Eu ti ispero cá na vala
 bem cedinho, se ocê quisé
vamu mostrá presse cabra
cum qtos dedo si faiz um pé!

Stos, 31/01/2006_12:00 hs

04- Sarvano a pele do dedão...
Cumadi Guta

Cumadi Rosinha iscuita cá
Ieu sô a Mariquinha
Qui ocê caba di falá
I to aqui pra mi ixpricá

Pretenção nu qui vô falá
Qui é pramordi adespois
Ocê num vim dizê
Qui na Mariquinha
Num si podi cunfuiá

Foi pur um acauso esse incontro
Qui ocê viu lá na isquina
Foi qui ieu ia chegano
Cumpadi tava ali subiano

Foi quano eli mi cunvidô
Pra i coele no mardito canaviá
Achá a cobra que lhe picô

Mai ara si vô negá
Ajudá o meu cumpadi
Qui tantas veiz mi levô
Pra passiá no canaviá
I iscuitá as estrela cantá

Pobre cumpadinho
Qui tá co dedão dolorido di dá dó
A cobra era tão grandi
Qui eli num pudia ficá só

Foi pur issu qui oce viu
Na isquina eli sumi
Mai si preocupa não
Qui loguinho eli tá aqui.

Augusta Schimidt

05- Lá e vem ota fuxiquera...
Cumadi Graça

uai cumadi, eu pensei que já era
hora de tomá quentão, estorá pipoca,
pulá foguera de São João.

O cumpadi Menegirdo disse que tava
quereno a Rosa pa cuidá das firida do dedão...
magina ocê... que homi bobão...
a Rosa tá na cidade, sabe fazeno  o quê?
Tá refestelada nos braço do Ricardão
e mandô dizê que pra roça
num vorta mai não!!

Esse cumpadi Menegirdo, cuitado,
levô uns chifre dos bão!

inté  intão...

num diz  pro cumpadi que fui eu
que te contô, não!!! (rs)

Graça Ribeiro

06- Dexa di Sê Froxo Homi
Nilton Nallim Ferreira

Hermenegirdo sê tá senu muntu besta
Primeru troca Rosa pru Mariquinha
Agora fica todo inculhido
Só pruque o Marcial falô
Que ocê num é di nada
Vai botá o gaio dentru?
Dexa di sê froxu homi
Vai lá i mostra qui ocê é u bão
I num tem medu di cara feia
Passi a cunversa neli
E mostra qui ocê é u tar
Mas si ocê apanhá deli
Num vorta chorando não
Vá na farmacia fazê curativo
Qui ninguém vai ri di ocê
Mas si gozarem cum sua cara
Num vem recramá não
Quem manda ocê num sê di nada
E metidu a valentão!

http://www.nallim.qsl.br  - http://www.ibipora.org
http://www.ibci.org  -  http://www.pbshow.com

07- Cantá Juntim é Bão Qui Só!
Yara Nazaré

Ô xente!
Num brigui não
Tá fartando só ocês
Cantá juntim
Uma linda cantiga
Iguá as da Siá Josefa
Qui diz bunitim
Qui o amô existi
Nos coraçã di ocês tudim!

E nas arturas da cunversa
O dedão do Seu cumpadi
Já deve di tê saradu
Cum as papa de foia de urtiga
Untada nas casca tirada
Di melão verdim, verdim...

E pro móde qui ocês
De agorinha mermu
Devi si abraçá tudim
E rumá lá pra roça
Pra festa da cumadi Tere
Qui tá boa de si achegá
Tem cumida gostosa
Tem quentão e munguzá
E deixa as tristeza pra lá
Vamu qui vamu
Nóis tudim se alegrá, viu?

Inté, moçada bunita!

31/01/06

08- Sei Naum
Cumadi Tulipa

Óia ocês todos,
é mió eu fica di fora
nessa fofocagem eu num quero entra naum...
A Rosinha manda o  dedão do Hemenegirdo lambê sabão...
ondi ja se viu issu ?
Dedo num faz issu naum!
O cumpadi leva cumadi pro carnaviar,
inté falô qui é pa modi mata a cobra..
Óia num sei naum!
Até uma tar di Mariquina na esquina ieu vi
e Rosinha la nu ribeirão...
entaum num sei naum...
Tô inté achandu que vai da um bruta confusão...
Iscutei inté que a cobra du cumpadre é grandi..
di tanhamu bão
Óia se arguém mi pregunta vo negá,
eu nada vi nem escurtei naum...
Vo fala qui tô aqui quetinha
sentada nu banquinhu,
fazendu meu cigarrinho di páia
e tomandu quentão..
Eu nada vi nem escutei naum...

Ana Maria Brasiliense
Stos 31/ 01/006

09- É só fuxico
gina

Óia só cumadi Terê,
eu cá tô mais é iscuitando
esse cunversê fiado
fuxico mai que danado
que é briga di namoradu
cum dor é nus cutuvelo...

O Hermenegirdo se quexa
de dor nos pé, o coitado,
mas tá é arreliado
cus peito dispedaçado
pru causa da sua Rosa
que bandeou proutros lado...

Será memo que é verdade
o é fuxico da roça
de arguém qui só pur môdade
tá querendo é fazê troça
o vê a disgraça se espaiá
lá prus lado  no sertão?

Eu já num sei de mai nada
só que o Hermenegirdo
tã cum dedão enfaxado
mancando o pobre diabo
que nem cachorro danado
sortando é munta baba
i cum zôio arregalado!

Essa históra das botina
é verdadera, num é farsa
posso dizê cum certeza
pus que vi cum esse zóio
que a terra  há de cumê
o dedão do Hermenegirdo
sangrando a mai num podê!

10- Casinha da Colina
Mário Osny Rosa
 
Construí a cainha na colina
Pra morar eu e a Nhá Rosa
Ouvi o sabia canta
Quandu clareava o dia.
 
Logu veio a nossa fia
Um amor de minina
A alegria du lar
Eu na roça a trabalha.
 
Pra famia sustenta
Nhá Rosa
Istava prosa
Quando ia passea.
 
Levando a Rosinha
A todos ia mustrar
Até que num dia a Nhá Rosa
Otro amor incuntrou.
 
E a casinha da colina
Ela abandunou
Com outro homem sumiu
Nem da Rosinha.
 
Teve ela cumpaixão
Dixo seu amô
Com dor nu curaçao
Nunca mais ela vorto.
 
São José/SC, 31 de janeiro de 2.006.
morja@intergate.com.br
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11- Desafinhandu Rosinha prum Duelo
Cumadi Marise da Ribeira

Ôce pença qui Menegirdo é seu?
Tá é muito das enganada
É pru mim qui u dedão deli crama
É minha cafungada qui eli ama.

Vamu saindu pra lá
Ô eu tiru ôce a tapa
Adespois venhu pru lado de cá
Comemorá cum garapa.

As muié lá da Ribeira
Num deixa desaforo sem arresposta
Ôce pára di inventá
Qui é docê qui eli gosta.

Si assim ôce num quisé
Podi iscolhendu seu revórve
Pra sabê cum qui muié
U dedão deli se arresórve.

Marise Ribeiro
Rio, 31/01/06

12- Fuxico
Heloisa Abrahão

Puxa vida, qui gente mai metida, ingerida
Cuida da vida um do outru
dia e noite, noite e dia
É aquele fuxico, zum zum zum...
Hermenegirdo cumprô uma butina
Rosinha rifô o burrico
Mariquinha ganhou otro vestido de chita
O Zé apanhou de coler de pau da Margarida
Quanto fuxico, quanta confusão
Na verdade quando um fica doente
Toda gente sente um aperto no coração.

13- Disabafano... Mi vinganu.
Lídia Valéria Peres

Tava inté queta, muié...
Mais dispois qui li isso tudo,
inté comu a oreia do Menegirdo,
danado di barrigudo,
ixibido cum as muié.

Menegirrrrrrrrrrrrdo!
Ah, cabra da peste, u cer nim vai sê mai
azur celesti, dispois du qui vô contá:
Menergirdo mi prucura, diz qui ieu sô a única creatura
queli ama e guenta seu chulé.
Pois intão:

Eli mi contô qui a Rosinha,
tão feinha... vevi na cola deli.
A Mariquinha, co aquela barriguinha,
nem tem jeitu di abraçá.

A Graça é muinto mar cherosa,
vem chegano, toda prosa,
e quano levanta u braçu,
eli fica pra infartá.

I dispois dessas aí,
ó vô falá pro ceis:
Menegirdo tá perdido, purque
cum meu coraçaum ofendidu,
vai mi dá curuquerê.

Vô frertá cum Ricardão,
homi bunitu, ô trem baum!
Vai  inté dá u qui falá,
mai quano Menergirdo acordá,
veno Ricardão mi paparicá,
vai sê um sustu dus baum...

I num dianta pidi discurpa,
pensano qui ieu vô vortá, perduá,
purque sanhamentu di homi
é pra genti si revortá.

Cum tanta muié na lista,
comué qui eli guenta
querê tantu cafuné.

Izistinu ô não a Rosinha, Mariquinha
inté a Graça, i as otras,
tô postanu qui é ieu qui eli qué,
puis quano caricio seu chulé,
num é nessas muié qui eli
tá pensanu naum.

Vô tentá mai uma veis,
si eli num mi traí cum otra,
ieu prometo dexá sua oreia sim cumê
i vô memo oferecê
meus chamegu di muié.

I ieu sei qui eli mi qué.
Pois é! Eli vai sê meu homi
i ieu vô sê sua muié.
Menegirdo, vem mi amá
qui ieu caricio seu chulé
i façu u que ocê quisé!
Inté us pioio vô catá!

lidiavaleria@mandic.com.br

14- Essi Hermenegirdo num tem geito
Thereza Mattos

Oceis pensa que é a primera veis
qui ele machucô o pé?
vô desmascará essi home pro oceis
ele tem um fedô de chulé
porque num tira as butina
nem as cueca furada
pra mor de enfiá na tina
e ficá com as "coisa" profumada....

Nunca pude dansá com o Girdo
ele tem tanto pioio
que cai tudo pelas cara
as vezes inté entra nos zoio
fazendo ele chorá...
Aí tudu mundo pença
qui sou eu qui estô martratando
esse porco qui fede comu um gambá ...

As dipois ele vem com graça
cum umas cunversa fiada
de querê mi namorá
Jesuis mi livre dessa desgraça
home sem denti e fidido
num servi pra casá
é piorr di que bandido
qui vem pra mor de robá....

15- Hora do Arraiá
Nany Schneider
 
Cumeçando o Arraiá da Nhá Nany e Nhô Iltinho!
Cunvidamo vosmicês pra entra já no festão!!
Tem fugueira, tem pipoca, paçoca e espetinho...
Num vai farta Pau-de-Sebo, muita prenda e quentão.
O vigário ta avisado, pra celebra o casório.
O pai da noiva, limpando o trabuco pra agarantí,
Que a fia, uma belezura, não caia no falatório.
Ansim ele aprepara, mordi o noivo não fugi...
Ta pronto o vestido da noiva, todo de chita e rendão.
Pobre do Santo Antonho, se na hora lhe faia!!
As madinhas têm dismaio, a noiva cai dura no chão...
Por isso Santo Antonho, trata já de trabaiá,
Pra despois a povaria caí no ‘rasta-pé.
Dança muita quadrilha, até o dia clariá!!
 
03/06/2005_ 11:38

16- Mais Chifre no Cumpade
Cumpadi Tarciso
Distrito Federá

Cumade vamo aproveitá,
Qui o cumpade Hemenegirdo tá viajando
Pro modi a gente ir pra festa dançá
 Mais tem uma condição
Eu não não sou como o hemenergido não
com cunversa de dedão.
Quem vai tocá é um sanfoneiro
Das danda no nordeste
Vai sê muito animada,
Dizem qui é um cabra da peste,
cus dedão dele, no tecrado
quando tá a tocá...

Tu tá bunita, parece uma princesa,
Esse vistido de chita,
Parece um jardim com burbuletas.

Mas, cumade vamo dançar,
inté o dia amanhecê
Num sei porquê,
Sô doidim por você.
Isso num é cantada não,
É que tá sentindo o meu coração.

A festa ta boa,
Você tá cheirando a flor,
Tô cum vontade de lhe apertá,
De lhe dá um abraço e um cheiro
e outras coisa tal e tal...

Tumara que não façam fuxico
porque ocê, sabe.
O seu marido Hemenergido
Tomou chifre e pode num gostá
Se ele vié perguntá
A gente diz qui é mintira
e deixa a onda rolá...

Tarcísio Ribeiro Costa

17- Reposta pá Cumadi Graça
Mariquinha du arraíá de cá

Oi aqui cumadi Graça
Ocê num mexe ca cumadi Rosinha não
Causa di que ela é braba
Iguarzinho iscurpião

Querdita qui essa cumadi
Pur causa do cumpadinho Wirso
Choro inté di noite
Garrada nos pé da santa?

Verdadi cumadi
Ela tá num disispero
Qui inté os frango chorô lá no galinhero

Cumpadi Wirso qui si cuide
Qui si ele bobiá
Vai perdê os dedo tudo
Qui a cumadi vai fritá

Cumpadi Wirso
Escuita bem meu aviso
qui é pra despoi num te qui chorá

Esmeralda Camargo

18- Oto recado pá Cumadi Graça
Cumadi Gena

É só contá pu Crispin
Si ele subé que a Rosa
Ta dano incima du Menegirdo
Vai gritá a Miiiiiiiirrrrrrrrrnaaaaa
Pra jogá ele no chiquero dus porco
pa tamen lambê o chiquerão!
Mai num vamo chamá ele não
Coitadu dus porco
Tão cheio  de tanta cara no chão
A lama tá quasi acabano
É miò dexá ela e o dedão pra lá...

Gena Maria Camargo

*Direito de Reposta da Cumadi Graça...rssss

Isso é caso antigo, mia fia...
caso pra mais de ano, caso veinho que só veno
começou na festa Junina virtuar
que a cumadi inventô aí nesse seu arraiar
ocê num vai creditá mais de lá pra cá
foi só beijim pra lá,  beijim pra cá
até cumputador Rosinha pendreu manejar
só pra trocar emeiu com o tar.

Num falei tudo ainda, que é promode ocês num pensá
que cumadi Graça só sabe fofocá...
mió eu ficá queta no meu lugar
porque seu eu abro o bico vô vê homem chorá.

19- Leva e traz
Priscila L. Coelho

Ô ceis presta atenção aí
Que a coisa vai fervê
To pensando em saí
Pra morde nem me aburrecê
 
Tem muita fofoca rolandu
Anssim nem dá pra agüentá
Já num tão nem disfarsandu
Pois só pensam em fofocá
 
Tem gente que fala de tudo
Num sabe guardá um segredo
Mais o coisa ruim cabeludo
De noite vem botar medo
 
Credo em cruiz que me defenda
Num quero saber de fuxico
Quem falar paga uma prenda
Alem de pagar maió mico!!

20- Siá Mariquinha
Rose Arouck

Siá Mariquinha chegou cedo na feira, veio pra fazer besteira,
Veio encontrar seu Mané.
Botou seu vestido de xita, amarrou laço de fita,
Ficou pra lá de mulher!
Com jeito de melindrosa pois no cabelo uma rosa
E com fogo na...razão, falou com voz de sereno
Carregada de veneno
Na língua e na intenção
Igual na televisão:
- Oi Mané dá essa abóbra?
Tá boa ou tá bichada? -
E dando aquela risada, segurou a sua mão.
Mané espichou os zóios pra lá de desconfiado
Diante de tanta ousadia...
E com ar de quem não mente
Falou com voz de inocente,
Enquanto seu povo espia:
- Mariquinha se aguente! Óia a minha freguesia!
Adispôs lá trás da moita
Logo mais nós se afoita
E resorve essa quizila;
Esfrio tua bacurinha e te dou dez abobrinha -
Com as bochechas coradas ficou muito envergonhada
Da prosa de seu Mané nossa linda Mariquinha:
- Óia aqui seu cabra leso
Vê acuma fala cumigo!
Minha honra mais que prezo
Toda noite ansim eu rezo
Pra me alivra de ti, castigo!-
Saiu feito caipora quando vê onça pintada.
Vá entender moça nova
Quando está acalorada!...

21- As Mágoas de Rosinha...
zuleika

Ocêis tudo tá falando
Du Mernegildo safadu
Mai devi levá o pensá
Pru curação maguado
Da Rosinha , a suspirá...

A moça lá nu fundim
Num si importa cum dedão
Chora, fingi di tristim
Mai o qui ela qué di verdadi
É du Mernegildo, um pertão...

As mágua da moça Rosinha
Sufoca seu bem querê...
Pois a rapariga aperreada
Sofri feitu uma danada
Cum us mixiricus docêis ...

Mió deixá eles na paiz
Isquecê a tar falação
Inté eles podê se acertá
Oiandu dentru dus zóios
Isquecê as tristeza e o dedão
Juntandu us trapins
Nas ligrias, nus bem bão....

JF/MG/BR_01/02/2006

22- Safadinho!
faffi

Menegirdo miscuta aqui...
ocê pensa que num cunheço
sua safadice?
Eu sei onde ocê quebrô esse dedão,
foi lá pras banda do cafesar, foi naum?
Mariquinha me contô tudim...
que te deu um baita de um pisão no pé
por conta da sua mão boba
que correu pelas costas dela..e
foi para lá nas canela.
safadinho ocê né?
mingana naum!
Mió conta essa história com todos
os pormenores, sinaum..a confusão ta formada
Nun siomite de nada..guerra é guerra!
ocê ainda tem outro dedão
que pode sê detonado.
Oh, coitadu!

faffi...01/02/2006

23- Cumadi  Rosa
Cássia Vicente

Aqui du Goiás to aturdida
cum essa fofocaiada
êta que num tive sussegu inquantu
num subi diretinhu desta istória
pela cumadi Graça.
Sabi duma coisa cumadi
achu que num tem dedão duendo nada
o cumpadi tá é cum saudade du teu arrois cum feijão
e fica inventando moda.
Num dá u braço a turcê, deixa ele si due.
Eu daqui vo turcendo procê esquecê esti danadu,
ele que incontre outra troxa pra modi fazê cum ela
o qui bem intende.
Abraçu e mandi noticia cum as novidadis.

Jataí-GO, 01-01-06

24- Ummmmm...
Patricia Neme

... eça coisa di dedão,
di fuxico, num é cumigu.
Tô querendo, di verdadi,
um festão bem divertidu
pra mi arranjá um maridu.
Vô ponhá frô nus cabelo,
um vistido di chitão,
prefume di arfazema
i trocá meu chinelinhu
por um sapato, dos bão.
I ansi, bunita, faceira,
vô fazê zóio cumpridu
praquele moçu morenu,
qui quandu toca a viola,
faiz dançá meu coração.
Antis di saí di casa,
vô falá cum Santu Antonio;
si num fô u da viola,
que ele seje bem bonzinhu
i mi arranji otro pião.

25- Vim Pra Prosiá
José Ernesto Ferraresso

Ah! cumadre Terê
dispois de tantu caminhá
aqui tô minha cumadre
prá mode podê visitá.

Vim das bandas di lá
xeguei pra vê  voismecês.
O cumpadi Nhô Bentico tá?
Será que pósso me achegá?

Quando vinha para cá
levei um baita trupicão,
meu dedo ta duendo,
que nem é bão relembrá.

Me discurpe minha cumadi,
que aqui vô me sentá,
Prá tirá minha butina,
E mode podê descansá.

Chegue  mais meu cumpadi,
Prá gente podê prosiá,
Nhô Bentico vorta já,
Foi na Vila passiá.

Mai me diga meu cumpadi,
Como tá as bandas di lá?
Tõ cum sardade do povo,
Que deixei um dia lá.

Lá ta tudu bão cumadi,
Nhô Tião só qué lembrá,
Do tempo bão que viveu,
pras bandas daqui dos cafezá.

Diga lá cumadi Terê,
Nhô Bentico vai demorá?
Num quero parti de vorta,
Sem ele eu avistá.

Já ele chega meu cumpadi,
Vai se bão ocê vai vê,
Nóis vai fica prosiando,
Inté o dia manhecê .

Serra Negra ***São Paulo

26- Simplicidade
Machado de Carlos

Minhas noites e dias são prá “vancê”.
Ao teu lado sei como a vida é.
Beijo teus lábios, - um sabor de “mé!
Sonho com o bailar da saia plissê.
 
Como bolo com fubá e glacê,
Ouço a cantiga no teu viés
Darei o prazer que “vancê” “quisé”
e cantarei a canção do bem “querê”.
 
Beijarei a rosa que “vancê” “catá”
Ao som da orquestra do mestre sabiá,
ele sabe “cantá” os versos bem “mió”!
 
Tenho a música do teu coração...
Tenho a voz fina do teu violão
que soa a distância: - um nó!...
 
Ribeirão Preto, 02 de fevereiro de 2006_15h45
http://ilove.terra.com.br/autores/texto.asp?idpi=1821

27- Fuxiquinhu e Fuxicão
Silvia Alegria**

Nosssinhóra, quicunfusão!
é fuxiquinhu e fuxicão
Menergiudu cum pé ferrado,
traiz da rosa, feitu bobão.
Nharosa ispérta dimais da conta
escapuliu cum Ricardão.

Cumpadi cum pé furradu e cumbaita chulézão,
qué joga sua pobremada, pras costa da muiêrada.

Craru qui vo mimandá
módu di que, dum xulezão, ieuuuu
qui num vô cuidá.
Cumpadi que corra diatraz dotra muié,
cuma praca na mão,
escrivinhadu  cum letra  grandona
u seu novo refrão.

Quem rancá  u meu espinho,
Quem guentá  u meu xulé,
Quem lavá minhas friêra
ei di da u meu beijinhu,
cum liança nu dedinhu,
Há de sê minha muié.

28- Arrasta o Pé, Muié!
Ógui Lourenço Mauri

Vem cunhêu pra bem perto da foguêra,
faiz muito frio na noite de São juão.
Arrasta o pé, esfrega eles no chão...
Cucê, quero dançá a noite intêra!

Arrasta o pé, muié!... Desenferruja!...
Aproveita esta linda contradança!
Óia pra mim... sem ver a minha pança
e sem reparar minha rôpa suja.

Ucê tá linda, vestida de chita!
"Chique no úrtimo" com essa trança!...
A mais aplaudida da vizinhança,
a cada devorteio a mais bonita!

Fico todo "cheio" em ser teu par...
Tem gente aí cum dor di cutuvelo!
O luar que lumia teu cabelo
parece que quer me homenagear.

O teu pai num tira o zóio di mim,
num dá chance d'eu ti dá um cherinho,
têmu qui prucurá um escurinho
antes qui essa festança chegue ao fim!

25/06/2005

29- To Cheganu...
NH (Catucho)

Bastardi nhá terê...
do sur cabu di chegá, vim press festança
mai, tô sustado cu qui  u povareu tant tá a fuxicá
diis qui vai te ditudibão..
desdi a bibida inté o quis  tem dicumê...

mai to munto sustiado cuessa fofocaria
tão falando nu povado, qui tem um disgramado
querendo lhe fazê uma desgraçaria...

si o cumpadi mernegirdo fincá sabeno...
dessas boca deslavada
que tu tá si atucanando´se acoitano
cum genti lá di fora...
o cumpadi vai cabá ti meteno espora

puriss vo dizend aki di pretinho...
te bota logo em teu caminh...
antes qui cumpadi chegui
cua cara chei di pinga...
e venha a te desgraçá...

nhá terê...outra cois voti dizê
se cumpadi menê...assim fazê...
sai logo di casa..e mi avisa...
eu vorto aki pra te buscá...

pra tu vim vivê cumigo
eu sô teu amigo nadi mal
qero que lhe aconteça...
e antes que aconteça...
pro rio grndsul vo ti levá
num dê bola prele mais...
pruque fica qui cherando tamanh chulé??

qui inté dro di cabeça traiz...
si for pru caus dum dedão...
dess eu tumém tenh...
pra tu consolá..
puriss te digo muié...
si isso acuntecê...
vem com esse cabra macho
que sou quem te qué...

Portu Alegri, 02/02/2006

30- Do Queu Gostu...
Olga Maria Dias Ferreira

Gostio de fazê versu,
gostio tamém de cantã,
gostio duma roda quente,
pulando qui nem serpente
prus nossos pé esquentà...
Gostio das madrugada,
das terra cheinha de luis
minha rua enluarada,
eu beijo a namorada
e faço o siná da cruis...
Gostio dos campu, das roça,
dos arvoredo, das coça
que levei inda minino,
gostio do canto das ave,
das rima e das canção,
gostio da passarada,
a cantá pela arvorada,
nesse pedaçu di chão.

Pelotas- RS

31- De convite na mão...
Maria Roxo (Fatyly)

Oh gente danada e foxiqueira
o homi tem o dedão a cramar
ocês com tantos tirdiguerra
botam o homi p'ra ferrar

Cumadris botem nisso pingumel
o dedão do cara na dendapia
com butina nova parece o Manel
o portuga  do cigarrinho di páia!

Rosa o teu homi tá no fuxico
reclamando do seu dedão
mas eu ouvi ele sapassado
no baile e pópegakasmão?

Cumpadri Wilson O.Carvalho
vai lá pois tá quainahora
a rosa bota ocê denduforno
ai mi acuda nossinhora.

e sabe porquê?

Angola abre as vogais
Brasil bota a melodia
Portugal fecha demais
mas unidos numa só língua!

Fartei-me de rir com todos
desse rico e belo sertão
poeticamente sertanejos
mas eu poeta não sou não!

Beijos

32- Hemenergildo meu amô
Cumade Helô Abreu

Deixa esse povaréu fala
Fiquemu cá no nosso cantinho
prefumado de jasmins
orvindo os cantar dus sabiá
A Terê cuitada fala fala
mais qué mermo é um marido arrumá
O cumpadi Marcial tá de oio na Rosinha
desdi da primeira festa
qui fizemu no arraiá
A Guta qué exprica pra Rosinha
si fazendo de boazinha
so pra te inferniza muie danada de má
A Graça que é uma gracinha
só gosta mesmo da pipoca
do cumpadi Zé da carrocinha
qui nem mio pipoca mais
Nilton diz que tu num é de nada
manda ele me apreguntar
pois tenhu cumu provar
A Yara que dá de santa
e as coisas ajeitá
credita não meu amô
santa ali so se fô
santa de lobisomi espantá
A Tulipa...
isso é fror encrenqueira
que veve nos estrangeiro
aqui vem só pra passiá
A Gina coitadinha
levou chifre do Mané
aquele lá da vendinha
qui fiado nunca vindia
O cumpade Mario recrama
Chifrudo iguar num há
parece inte João de Barro
faz casa pra oitro mora
A Marise num tuma jeito
e que na Rosa mandá
tô de oio nas vorta dela
cuntigo que se aprumá
A minha chará Heloisa
é moça de bão coração
cumu dizia meu pai
cuidadu cum as bondade
pois na muié é enganação
Lidia nome mais besta
ta de oio em em tu
qué cuidá do teu dedão
num sabe a moça cuitada cumo se limpa o tatu
Thereza faz é fofoca
pois tu bem te alembra
num quis com ela dança
no baile do arraiá
Nhá Nany tão boazinha
cum Tere quer disputa
organizando um festa
Pra Tere infernizá
Tarcisio cumpadi besta pensa qui so pro modi
tu ta triste
podi as oitras conquistá
A oitra Mariquinha
chamô cumadi Rosinha
inté de iscurpião
queru ve quandu a Rosa
pegá ela cum as mão
Rose casamenteira espivitada
quer mermo é cumprar
abrobra pu taiada
Zuleika farsa qui é
fica defendendu Rosinha
devia é ir tirá
os bichos que tem no pé
Hemenergildo num liga não
fiquemo aqui bem queitinhu
nu nosso lago fresquinho
e deixa esse povo prá lá
Fazemu nossa festinha
sozinho longe deste araiá
puis é aqui
qui a geriboca vai cantá rsrsrs..

Heloisa

33- Meu Amo
Rosa Magaly Guimarães Lucas
- Eire
 
Meu amô si Deus me ouvisse
Quando cramo por vancê,
Cabava o disse-me-disse.
Nois ia junto vivê...
Num sei pruquê tar mardade
Essa gente fais com ieu...
Ieu só sei que tua sardade
Pisô meu peito e doeu...
Só pruquê nois dois se amemo
E fumo lá pra palhoça
Mexeram cum o cão, com o demo,
E di nóis fizero troça...
Mais isso num vai fazê
Nosso amo se definhá,
Pruquê o nosso bem-querê
Vai mesmo é mos ajudá...
Vai sê pió pressa gente
Quando nois dois se casá,
Tu vai vê que de repente
Tudo o mundo vai calá,
 
E nois dois que nos amemo,
Vamos vivê bem feliz,
Somo o barco, o amô é o remo
É meu coração qui diz!
 
Jacaraípe, Serra, Espírito Santo, 03/02/2006

34- Bastiana
Marília Bechara

Muié escoí ocê pramode de eu amá.
Pru num aceitá disfeita coisa de arrupiá,
Tô vendo ocê pros gracejo do cumpadre bardiá!
Barganha de muié minha é bom ocê não topá:
Meu cachorro perdiguêro tá na horim de atacá
Intráis da porta tem ôtro que sô eu  prá te matá!

35- Nus Tempo Bão
Cumadi Maria das Graça

Inscuta so que qui eu vo conta. .
Faze fuxico de  arguem
so da cunfusão!.
Inda mais, qui oces veve perto
que danacão!!!!
Dexe Rosa, Mariquinha, e cumpadi Menergirdo,
arresorve cume qui eis quise .
Isso é pobrema deis.
La pras banda do corguin,
tinha o pessoar qui fazia fuxico e teve inte discusão..............
Mior mermo é larga pra la ,
Treim bão é iscuita os fuxico mais num armentá.
To aqui contano pro ces mais num é pra ispaia!
Ieu num gostu de fofoca!

Maria das Graças H.V. de Abreu

36- Minha Véia e Quirida Muié
Afranio Garcez

Oia minha véia, qui acabo de chegar,
Vim lá da feira e trouxe os presente,
Qui tu tinha mi pedido, o carmim,
A alfazema, o misse, e amor sem fim.

Oia minha véia companheira para o céu,
Tá mais bunito agora que ôce tá aqui,
A lua já clariô o nosso terreiro que é grande,
E de muita serventia, para nóis viver nossos dias.

O teu cheiro minha véi morena, de alfazema,
A tua boca toda vermeia com o carmim,
Faz eu pensá que nóis dois num tem fim.

Agora me escuta minha véia,
As nutícias lá da cidade grande,
O povo tá todo virado e muito arisco,
Pru anda nóis anda só pulíça e ladrão.

A fome lá tá bem pior que a daqui,
E adispois ainda chama nóis de caatingueiro,
Qui nóis num gosta de trabaía e dançá chula,
Eles é que num sabe viver cum o muito qui tem,
Enquanto que nóis, é feliz, com o pouco que tem.

37- Hermenegildo, Hoje Num Tem!
Bernardino Matos

Rosinha me ixprica um assunto,
tu tá cum noju di eu?
inté parece qui sô difunto,
o qui foi qui acunteceu?
Tu drome toda vistida,
num ispia mais nim mim,
será pru causa da ferida,
qui deixô meu dedão assim?
Issu num vai dá certo,
a Chiquinha tá cum zoio pidão,
se arrebola quando tá perto,
eu to qui pareço um tissão.
Tu sempre drumiu sem carça,
e inda bulia cum eu,
issu é coisa qui se farça,
será qui tu mi isqueceu?
Sai dessa rêde muié,
antes qui eu vá percurar,
a Chiquinha qui mi qué,
assim eu vô mi lascar.
Hermenegildo, onde já si viu,
um home desse tumanho,
vá pra puta qui pariu,
premero vê si toma um banho.
Num vem cum esse chamego,
pra essa Rosinha não,
qui cumigo num tem nego,
qui me faça isculhambação.
Eu tomém vou preguntá,
a Zé Cumbica, lá na roça,
si ele qué se aprochegá,
ai, tu vai vê ondi tua cabeça coça.
Rosinha vamu acabá.
cum essa discunfiança,
eu num sô de trocá,
ocê qui é minha sustança.
Vamu nos imbolá,
qui hoje tô ispritado,
adispois tu vai achá,
se eu penso prá outro lado.
Hermenegildo, tu tem razão,
já tô tirando minha carça,
tu num mi deixa isperando não,
hoje num vai tê pra garça.

Fortaleza, 05 de janeiro de 2006

38- Adeus Menegirdo!!!
Simone Borba Pinheiro

Menegirdo, seu danado,
óia só u qui foi fazê,
um fuxico disgramadu,
góra num tem cunversê.

Ocê foi munto safadu
correnu atrais da Rosinha
e a Maria, discaradu,
ficô choranu suzinha.

Góra ocê qué vortá,
pru causu du seu dedão,
mai achu qui num vai dá,
Maria num qué mai não.

Percura ôtra donzela
qui saiba fazê meião,
quim sabi a Grazela,
a fia du seu Jão.

U pobrema é qui Grazela
tem horrô a chulezão,
mai ieu cuncordu cum ela,
vai lavá esse pezão!

Maria tá munto filiz,
góra tem novu môr.
Pareci qui foi pa Paris
cum o fio do seu Valmôr

05 / 02 / 2006
www.familiaborbapinheiro.com

39- Conviti.
Lu_guerreira

Recibi um conviti prá participá dessa ciranda,
inté achei qui erá erru..mai vi qui não!
Cês tudo antecipô... Nós tudo toma quentão!
Eitaaa bixo bâooo!!

Tô aqui lavando meu vistidinho di festá,
qui é uma frumusura  é lindo prá xuxu...
tem um laçu bremelho de bulinha azu...

Meu sapatinho roxo tá um tiquim
cambeta mai da prá disfaraça
e prá dança a noiti interaaaa!!

Vô logo avisa a cumadi Zefá
pra ir tratando du seu vistinho ingomá!!
sinhá  Terê... Qui arrumo essa festa
vai está nos trinquis e nós num podi farta!!

Mai tem uma coisa!
Num dianta preguntá,
por uma tar de butina.....
Um tar de dedão inframado..
Um tar di mercuro...
Pusque!

Eu num tava lá, i dessi fuxicu
eu num quero  ném contá!!
mior num cumenta!...

40- Cupim Tão Grande!
Eme Paiva

Meu cumpadi Menergirdo
eu vinha vindu prá mor de lhe visitá ocê
e vinha vinu pelas trilha du matu mole,
co cavalo du meu marido...
Queles matu tão cerradu di arto e  grande!
Du tamanho duma casa, os capim tão!
Quanu avistei lá longi, perto dos cupinzero
qui nu campu tão um home lá,
"Quem será quele homi?" ieu pensei
e fui indu... fui indu...
Foi intão que eu vi Adão.
_Qui qui hovi Adão? Preguntei
Eli qui istava distraido virô lento preu
e foi naquela horica, qui mis ispantei!
-Ave, Adão! que qui ocê tá fazenu cum
esse cumpim tão grande?
Os cupim  tudo acerca dele i ele gritava
 co cada mordida qui eles dava
nele i ele co cupim tão grande na mão
 e me arrespondeu:
-Quero tirá o barro dos pé, das base,
 do cupinzar, qui é pra mor di levá pro
pé do Menergido!
(Disconfiu que devi Adão de sê curadô!)
- I issu vai curá os pé dele? Preguntei.
-Não, mai vai fazê caí mais dipressa!
-Caí?! Será que foi isso queu oví, Adão?
-Se ocê num tá surda, oviu!
Ocê nun tá sabenu qui os pé dele
tá cheranu carniça, qui sá Rosa, muié dele
num guentô: feiz as troxa, pegô um pau lá da
cerca e foi busca a porca dela, a lina,
(pru mordi que foi ela que criô lina)
pegô as coisa quela tinha, pegô umas pranta
morta dela  e se apartou dele?
Ah cumpadi, eu peei do cavalo do meu marido
e falei ansim prele:
-Ocê abri us óio e ovi Adão, qui qui eu vô
falá procê:
Si ocê qué me ter pur amiga,
vai me ter pra vida toda,
mai issu qui ocê tá pensanu,
num vai fazê mesmo,
fazê caí o pé do
meu cumpadi Menergirdo!
-Mai issu é prele num sofrê não
Qui a gente imbarra os pé dele e
bafandu os bichu faiz u serviço
a vuntade, num chera nem nada
e abrevia u sufrimento!
Dispois é só pinchá fora e.. tá novo!
Já cumbinei quele, qui vô ficá pur
lá cuidanu dele inté caí.
Intonce, foi purisso qui ranquei o
cupinzero da mão dele e troxe!
Deu vuntade de vê o sor, quesse
cupim tão grande, na mão!

41- É ocê que vai sabê!
Naidaterra

Zoia aqui Girdo,
escuita de veis e arrepia
do meu caminhá,
Inté parece que já num sabe
do meu caso mais malaquias
que o povo todo já cumenta só
ocê tonhão num apercebeu.
E zoia Girdo, tumbém tô de mala
pronta vô pronde ele fô, é aquele
que ocê botô pra corrê pra
mor do home num zureta mais eu,
entonce, qué o que Girdo,
tome tento com os gaios, acorda home.
Num dianta Girdo, ocê vai sinti no côro
o que eu sinti no meu quando foi tê
mais mariquinha, a diaba inté mandou
pra mim a carçola dela com um biete
dizendo que num apreciô a pinta no
seu trazero, mueirengo safado da peste.
Gora Girdo, guenta e apreceia a dor
do teu gaio e tumara que seu dedão
inchi e cresca do tamanhão das melancias
que ocê pranta e vou mandar pro cê pra mor
de se alembrar, a cerola do Girdo com um bietinho
pro cê amargurar um tantinho.

42- Terê Ispera!!!!
Raquel Caminha_Lindinha

Terê ispera!!!!!
Dá tempo de eu botar a minha?
Esse Hermenegildo num deixa eu queta,
só vivi pra chumegar, mermo com dor no dedão,
cum meu rebolado fica doidão. 
 
Terê ispera!!!!!
To chegando, eu já drumi vistida
pra modo cedo correr praí deixar meu versinho.
Acunteceu do Hermenegildo fica mi ispiando
dormindo de bruso e
eu discufiando qui boa coisa ia acuntecer.
 
Terê Ispera!!!!
Ele riclamôr deu vistida, amiaçando prucurar
Chiquinha qui tava de butuca nele.
Minina, a raiva tomou conta deu, fiquei uma fera
 fiz iguá a donzela de bordél,
fui tirando roupa por roupa
devagarim, devagarim.
 
Terê Ispera!!!!
Ele, Hermenegildo foi arregalando
as butucas, tremendo a voz e dizendo
faz issu não Rosinha tem dó do meu dedão!!!
Eu dei um sorrisu maroto ispiei o cabro frouxo
e dissi: Vem Hermenegildo, prova que tu é bão,
si não vou procurar o Zé Cumbica,
tenho certeza qui ele quer mi dá o coração.
 
Intendeu agora Terê, porquê demorei?

43- Dia de Chuva (Versão da Roça)
BADU
 
Manhe corri venha ve uns pingu di chuve!
Os mininu se adivertim brincanu na chuva.
Inquantu eu apercebu um dia perguisosu sem nada pra si faze;
O cão si acomoda cum medu du trovão num dianta eu toca pra fora
Essi cão safadu derreti meu coração di mantega.
De fuxico as cumadi deixarum as ropa no varrar moia dinovu
Na prosa boa qui tava inte já secada.
As gotera qui num  si concerto moiarum todu os movi inte já tão
veio mesmu.
A cumadi ta é fazendu um bolinho é bao pra nois cume cum café
pretu bem doci
Inte já sintu u cheiro qui vem da cozinha.
Vou vendo uns armanaqui véio e as foto di quando nóis era mininu
esse diacho de relógio parece num anda.
Nho Chico e qui devi ta dimais de aligri cum a chuvarada que já
fazia farta pra plantação.
Essi cheiro de matu verdi me faiz amar mais e mais a roça .
Assim vo drumi feliz ouvindo a voiz  a matutá dus minino a repiti.
Manhe corri venha vê,pingus di chuve.

 

Dia de Chuva
BADU
 
Mãe corre vem ver!Pingos de chuve.
Crianças se divertem brincando na chuva,enquanto se percebe
um dia parado sem nada para fazer.
O cão se esconde com medo do trovão,vencendo pela persistência,
gestos e palavras de ordem em tocá-lo para fora.Cão amável lhe
rouba um carinho.
No varal algumas peças de roupas esperaram uma nova secagem
pelo esquecimento de serem recolhidas.
Vasilhas espalhadas pela casa aparam as goteiras protegendo o
móvel já envelhecido.
Bolinhos de chuva e café quente adoçado e sem leite,aguçam a
inquietude reforçada pelo aroma vindo da cozinha.reler trechos de
um livro já empoeirado ou rever velhas fotografias dão movimento
aos ponteiros do relógio que parecem estáticos.
O dia vai durar uma eternidade e o sol só irá chegar após uma
longa noite.o cheiro impregnado no ar vai dissipando a poeira que
a seca acumulou.
Agora o perfume é de mato verde e a satisfação de quem
necessitava da água para a plantação.
Escuro céu de tarde lenta me faz pensar ,que a a chuva fina me
faz amar.
Amar a tarde fria envolvida de pingos calmos, embelecendo um
tempo que eu gosto de viver.
A noite vestígios da chuva  vai me trazer  o sono.
Na mente posso ouvir,a voz inocente de criança a repetir.
Mãe corre vem ver!Pingos de chuvê. 

 

44- Oi muié!!!
Ligia Leivas

Pucausa di quê, o muié,
tu num qué meu cafuné?
Vim du mui longi, mui longito
prá ti vê, prá ti amá!
Queru cuntigo mi casá!

Oi muié!
Não xinga não,ô muié!
Mi faiz aí um café
pru teu nego tu agradá
i eu querê ti amá, ô muié!

Oi muié!
Mi dizi que qui tu qué
pr'eu p'a ti fazê
prá tu teu nêgo querê
i coisa linda eu ti dizê, ô muié!

Intão o mundo vai dançá
i nóis vai si agarrá
i a vida vai girá
i nóis vai si abraçá
i munta festa vai rolá, ô muié!!

 

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